Como calcular o valor de uma empresa?
No mundo empresarial por algumas vezes ocorrem alterações no quadro societário, com entradas e saídas de sócios ou até venda total da empresa.
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Todavia, estas alterações apesar de não raras, trazem por vezes uma série de dúvidas na sociedade empresária, que devem ser resolvidas por profissionais de Finanças e Direito.
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Um dos fatores de turbulência neste evento é a apuração valor da participação societária dos sócios que estão saindo, ou o percentual da participação societária que o sócio entrante terá com seu aporte de recursos.
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Desta forma, temos de buscar entender qual o real valor de uma empresa ou participação societária. Neste momento, vejo alguns equívocos por parte dos indivíduos e empresas que estão realizando esta transação.
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Um primeiro equivoco é trabalhar com a valoração da empresa pelo Patrimônio Líquido (PL) que está destacado na Contabilidade da Empresa. Este valor de PL reflete apenas o passado das empresas sem evidenciar o que está por vir no negócio. Por exemplo, caso esta empresa tem acabado de lançar um produto/serviço inovador (como uma startup, por exemplo) seu PL atual não traduz os resultados que estão por vir.
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Outro aspecto que deve ser analisado é a continuidade ou não da empresa.
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Caso a empresa seja descontinuada, provavelmente ocorrerá a dissolução total da sociedade. Posto isto, a empresa deve ser liquidada com todos os seus passivos sendo pagos com a venda de seus ativos. Ocorre que estes ativos serão vendidos a valor de mercado (valor justo) que podem diferir dos seus valores contábeis. Esta potencial diferença nos mostra por que o PL contábil pode ser discrepante da real sobra de recursos a serem distribuídos aos sócios. Como exemplo basta imaginar a atual sede da empresa que está totalmente depreciada na contabilidade da empresa, mas que será vendida por uma boa quantia, tendo em vista sua localização.
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Agora, se estamos discutindo uma empresa em continuidade, trabalhar com a valoração da empresa pelo Patrimônio Líquido (PL) que está destacado na Contabilidade da Empresa é um grande erro.
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Na saída de sócio, o sócio que pretende sair, caso aceite seu valor de saída pela proporção do PL Contábil, está deixando para os demais sócios sua parte no valor da marca da empresa (que não está mensurada no PL), do seu percentual da carteira de clientes (que não é um ativo contabilizado) e até mesmo a expectativa de rentabilidade futura da empresa (Goodwill).
Uma das formas de resolver, mas não a melhor, seria a realização de um Balanço de Determinação.
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No balanço de determinação é definida uma data base e se avaliam todos os itens do ativo (bens e direitos) e do passivo a preço de saída. Desta forma, o Balanço de Determinação seria uma Foto (algo estático) da empresa em seu estado atual, mas levando em consideração ativos e passivos a preço de saída. Meu comentário a respeito do Balanço de Determinação é a dificuldade de se estimar a Expectativa de Rentabilidade Futura/Ágio/Goodwill da empresa analisada.
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Feito este comentário, acredito que o Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é melhor forma de se avaliar uma empresa em continuidade, inclusive sendo aceito pelo STJ (REsp 1.335.619-SP).
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O FCD leva em consideração a empresa em continuidade, projetando receitas, despesas e custos da empresa e os trazendo a valor presente em conjunto com os ajustes de caixa necessários.
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Com a técnica do Fluxo de Caixa Descontado a empresa é valorada em todo seu potencial, sendo uma forma mais justa de se valorar participações societárias. Feita esta avaliação, quem está saindo recebe o que lhe é de direito e quem está entrando tem o valor que deve aportar para a equivalência da continuidade do negócio junto aos sócios mais antigos.
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Esta avaliação deve ser feita por profissional capacitado e que saiba estudar o mercado de atuação de sua empresa e particularidades do seu negócio.
